sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Apesar do medo....


Há quem ainda não tenha percebido que esta estrutura, este “modelo” de sociedade está em colapso, mas isso é cada vez mais uma evidência.

Os lobbies da Industria Farmacêutica começam a ser desmascarados, a corrupção que estava oculta está agora sob fortíssimos holofotes, as injustiças gritantes são denunciadas, o Papa renunciou deixando antever o declínio da igreja católica…Estamos num mundo em profunda transformação.

Os únicos que ainda esbracejam no meio deste pântano, numa tentativa desesperada de salvar o “sistema”, são aqueles que se têm alimentado dessa mesma corrupção, injustiças e abusos de poder.

A maioria, “as massas”, sonâmbulas por natureza, estão a ser despertadas um pouco à força das circunstâncias mas com muito medo de toda esta agitação. Afinal, viver em piloto-automático sempre foi mais confortável. Não é preciso pensar muito, nem questionar, nem sentir, nem intuir. Basta deixar-se levar na corrente.

Mas, meus amigos, começa a não haver desculpas para o “síndrome da bela adormecida”. Este sono que dura já há vários séculos, algum dia tinha de acabar. E olhem que o sol já vai alto….

Claro que uma mudança de paradigma não se faz da noite para o dia. Vai demorar bastante até termos outro modelo de sociedade bem implantado.

Até lá, e como diz Dieter Duhm, sociólogo alemão, “não devemos combater o sistema lutando contra ele mas mostrando alternativas ao sistema”.

Por isso chegou a hora do despertar e de cada um começar a pensar pela sua própria cabeça, sacudindo a poeira dos olhos e o entorpecimento dos neurónios.

A mudança global a que estamos a assistir, só será uma realidade no dia em que cada um, individualmente, for essa mudança em acção.

Fiquem atentos às alternativas que já vão surgindo aqui e além, procurem o que mais ressoar com o vosso coração e comecem a construir o mundo onde gostariam de viver.

Deixem de ser passivos e de ficar eternamente à espera que a coisa se resolva por artes mágicas porque isso não vai acontecer.

Somos TODOS responsáveis pelo estado actual do mundo. Por isso temos TODOS a responsabilidade de criar uma coisa melhor, se for isso o que de facto desejamos.

Podemos começar com pequenas coisas, pequenas mudanças nos nossos hábitos, pequenos exercícios de reflexão, pequenas incursões em livros, temas, debates, palestras que habitualmente nos passavam ao lado mas que talvez….talvez, tenham algo para nos acrescentar.

Há uma canção da Mafalda Veiga, de que gosto especialmente, e cujo refrão diz algo assim: “O medo, o medo levanta muros e ergue bandeiras p’ra nos deter…”

Há que perder o medo e abraçar a mudança porque ela está aí!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Saindo do MATRIX


Eu não vejo notícias. Há anos que decidi deixar de ver as notícias da televisão. O P. acha que é bom ver notícias, porque as notícias da televisão não podem ser seleccionadas pelo espectador, e se formos nós a pesquisar a informação, vamos apenas dar atenção ao que nos interessa.

Pois eu acho que é assim que deve ser. Eu foco-me no que me interessa, no que me motiva, no que me acrescenta algo.

Ainda segundo o P., notícias do tipo “marido mata a mulher com tiro de caçadeira” são de facto notícias porque são acontecimentos pouco vulgares. Pois sim. Mas o que é que eu ganho ao ouvir/ver uma notícia dessas? O que é que isso me acrescenta? Só fico a saber que a violência ainda existe e às vezes manifesta-se de forma explosiva e inesperada, what’s new????

Noticia, para mim, é algo novo, algo relevante e algo construtivo.

Exemplo: - notícia fresquinha do dia: “UE-quer-abandonar-combustíveis-fósseis”

As pessoas ainda não perceberam que aquilo em que se focam, aquilo a que dão atenção torna-se a sua realidade. Ora, se eu quero um mundo melhor, mais justo e mais pacifico acham mesmo que eu devo passar duas horas por dia em frente ao televisor a assistir passivamente a um desfile de desgraças?

Já para não falar, é claro, do factor manipulação/hipnotização (ou se quiserem, lavagem cerebral) tão presente na forma e nos conteúdos da televisão dos nossos dias.

Quantas vezes viram uma notícia ser transmitida num dia, causando grande alvoroço e preocupação, para ser desmentida dias depois? Ganharam alguma coisa com isso, para além da preocupação, do desgaste e de um tema de conversa? Parece-me que não.

Ás vezes dizem-me: “Mas se não vês notícias nunca sabes o que se passa”. E eu respondo: “Se for importante para mim vou ficar a saber de uma forma ou de outra.”
E é nisto que eu acredito. A minha vida não pára só porque eu não vejo notícias. O mundo continua a girar e o que tiver de chegar ao meu conhecimento, chegará.

Acho que as pessoas vêm notícias por dois motivos:
1 – Para sentirem que têm controlo;
2 – Para terem tema de conversa.

Passo a explicar:

1 – Ver notícias dá a ilusão às pessoas de que elas são avisadas atempadamente de qualquer imprevisto, de que nada lhes escapa permitindo-lhes assim defenderem-se, ou seja, dá-lhes a ilusão de que podem controlar os acontecimentos apenas com base na informação e na razão. Isto é uma ilusão porque ninguém controla coisa nenhuma, à excepção do que depende exclusivamente de nós e das nossas escolhas. E aqui para nós que ninguém nos ouve, alguém acredita que as escolhas que fazemos, com base na informação de massas, são de facto as NOSSAS escolhas? Pensem nisto.

2 – Tema de conversa. Todos precisamos de temas de conversa. Faz-nos sentir que temos algo em comum com os outros e permite-nos dialogar. E o “sistema” em que vivemos vendeu-nos a ideia de que as notícias, o futebol e as telenovelas são bons temas de conversa. Como a maioria de nós é um sujeito passivo, com pouco espírito crítico, dentro do “sistema”, comprámos esta ideia. Mas será que não há mesmo outros temas de conversa? 
Porque não falam as pessoas do que lhes vai na alma? Porquê a necessidade de encontrar temas superficiais ou fúteis para conversar? As pessoas simplesmente não se querem revelar umas às outras porque têm medo de serem feridas na sua intimidade. Escondem-se atrás de temas que sejam impessoais o suficiente para não as fazerem sofrer. Acham que se se abrirem ficam vulneráveis.

Pois eu acho que deviam mesmo tornar-se e mostrarem-se vulneráveis, porque no fundo somos todos, e todos beneficiaríamos do facto de os outros partilharem connosco a sua vulnerabilidade.

O que nos une é muito mais ao nível do sentir do que ao nível do pensar.

Termino com uma frase do escritor Khalil Gibran:

“Todos somos prisioneiros, mas alguns de nós estão em celas com janelas e outros sem."

Para os que não entenderam, recomendo que vejam, ou revejam, o filme “MATRIX” com muita atenção.