segunda-feira, 11 de junho de 2007

Escrever




Escrever é soltar amarras,


É libertar fantasmas
É também fechar as garras,
Abrir a guarda.

Quem escreve confessa,
Deixa-se ir
Faz promessas,
Faz-se explodir no papel
Mostra-se
Cospe o amor e o fel

Escrever é ter o coração a saltar da pena
Deixá-lo saír é despir-se até à alma e mostrá-la

Escrever é um risco,
Um risco com preço de joia - a intimidade

E não podia ser menos um tostão
A intimidade é o ninho onde as palavras nascem
É dela que as asas crescem
E com elas os vôos da imaginação

São segredos,
São ansiedades,
Medos,
Talvez saudades...

Quando os dias se desdobram iguais,
Quando não há uis nem ais para gritar,
A tinta escorre apenas sem dizer nada.

Se não há nada para dizer!...

Não há amarras para soltar,
Nem fantasmas para libertar,
Nem amor nem fel para cuspir,
Nem ansiedades para sentir,
Nem medos, nem segredos,
Nem nada que valha a pena usar a pena para escrever

Se não há nada para dizer!...