quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Mentiras na Net

Muitos de nós já vimos os vídeos que têm circulado na net, mostrando jovens que fazem, alegadamente pipocas activando telemóveis apontados para grãos de milho.

Eis um exemplo:




Os vídeos circularam pelas nossas caixas de mail com mensagens do tipo "se os telemóveis podem fazer pipocas o que farão aos nossos neurónios?".
Muitos reencaminharam apressadamente a mensagem para amigos e conhecidos, pois claro, convém alertar...

Mas será mesmo que todo o alerta que circula na net é de levar em conta?

É que neste caso tudo não passou de um truque publicitário que antecedeu um spot da Cardo Systems para promover os seus auriculares bluetooth, ora vejam:




Além do mais, segundo a revista Science & Vie deste mês, num artigo sobre este tema, seria necessária uma descarga de 700 watts para fazer pipocas e um telemóvel tem em média uma descarga de apenas 2 watts.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Grameen Bank

O Fim da Pobreza (económica e de mentalidade?...)


Digam o que disserem os mais negativistas, ele há coisas boas a acontecer por aí. Seria bom, se pudéssemos virar o foco para elas.

Uma das coisas mais fantásticas que tem vindo a mudar, para melhor, muitas vidas, chama-se Grameen Bank e é "o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito". O Grameen Bank ganhou o Prémio Nobel da Paz do ano 2006 juntamente com seu fundador Muhammad Yunus.

A ideia da criação do Grameen Bank nasceu após o seu fundador, que estudou economia nos EUA, ter percebido, ao voltar ao Bangladesh, o seu país natal, em 1975, que os mais pobres simplesmente não podiam melhorar as suas condições de vida devido ao facto de viverem sob o jugo dos agiotas ou prestamistas, que até então surgiam como única possibilidade de sobrevivência para muitas famílias. Muhammad Yunus percebeu que aquelas pessoas precisavam de uma oportunidade para realizar dinheiro sem serem escravizadas economicamente. A forma de o fazer seria através de um microcrédito que não pedisse garantias, nem cobrasse exorbitantes taxas, condições que, do seu ponto de vista, têm constituído os principais entraves à erradicação da pobreza extrema nos países do hemisfério sul.

A este propósito diz Muhammad Yunus numa entrevista dada à revista "Courrier Internacional" de 2008/06: "Critico o dogma segundo o qual não podem ser atribuídos empréstimos sem garantia, sobretudo aos mais pobres. (...) Os princípios actuais do sistema bancário impedem que metade da população mundial participe na vida económica. Não apenas nos países dos sul mas também nos EUA e na Europa. Os bancos tradicionais exigem às pessoas que sejam solventes, antes de lhes emprestarem dinheiro. Mas para que servem, se não ajudam as pessoas a sair de uma situação difícil, a criar valor e trabalho." E acrescenta ainda que: "Segundo um inquérito recente, 64% daqueles a quem concedemos empréstimos por cinco anos, saíram da pobreza crónica."

Este microcrédito favorece as chamadas actividades "informais", ou seja, a manufactura e venda de artigos diversos, as pequenas reparações, em suma os pequenos negócios familiares. Isto porque, segundo Muhammad Yunus "não promover nada para além do regime assalariado parece-me terrivelmente limitado. Ver apenas o homem como um ser que procura um ordenado parece-me uma concepção muito limitada do ser humano. É uma forma de escravidão.(...) Levamos vidas rígidas, repetindo diariamente os mesmos ritmos de trabalho. Corremos para o trabalho, corremos de volta para casa. Esta vida robótica não me parece um progresso. (...) O homem é considerado apenas como um agente económico, um empregado, uma assalariado, uma máquina. É uma visão unidimensional do humano. Ser assalariado deveria ser uma opção entre várias."

A isto chamo eu um verdadeiro pensador e que, mais do que pensar, age no tecido económico-social implementando as suas ideias.


A prova do sucesso do Grameen Bank, é que já distribuiu 6 mil milhões de dólares a 150 milhões de famílias, sem exigir garantias e com uma taxa de reembolso de 95%.

Que tal aproveitar ideias como estas para fazer face à crise que se vive actualmente no ocidente?

Que tal deixarmos de ver o ser humano como uma mera peça de uma engrenagem que o subjuga continuadamente, e devolvê-lo a si próprio?