quinta-feira, 3 de abril de 2008

Deus

foto residente no blog: trintaetresdc.blogspot.com

Nos últimos dias, vá-se lá saber porquê, quando falo com alguém, a conversa acaba por ir parar à religião. Ora, eu não pratico nenhuma religião, apesar de ter tido, como muitos, uma educação baseada no Cristianismo.


Por outro lado, estou longe de ser ateia e, ainda menos, agnóstica. Sempre acreditei em Deus (apesar de, durante um certo período da minha vida, me ter resignado a uma crença balofa).


Mas a vida sempre mostra o caminho de "regresso" a Deus, a quem não desistiu totalmente de o percorrer. Foi o que aconteceu comigo.

Nesse caminho várias coisas me surpreenderam, nomeadamente, a questão das provas da existência de Deus. Será que alguém espera ver Deus sair de um tubo de ensaio? ou de um acelerador de partículas? ou talvez, que ele espreite pela lente de um telescópio espacial?...

Que tal deixarmos de procurar Deus como se ele estivesse lá fora no quintal, escondido entre as alfaces, e procurarmos antes, no único sítio onde Ele pode ser encontrado: dentro de cada um de nós?


Bastante mais sensato - parece-me.

Há muito que me afastei da Igreja e respectivas missas (que mais não fazem do que repetir ladaínhas) e há muito que iniciei um percurso "religioso", por conta própria, bastante solitário, diga-se de passagem, porque isto de não seguir a "carneirada", quer queiramos, quer não, transforma-nos em "ovelhas tresmalhadas".

Neste meu percurso, cruzei-me com várias fontes e ensinamentos. Fui extraindo de cada um, o que cada um tinha de melhor. E encontrei uma doutrina com a qual, efectivamente, me identifico: Chama-se Teosofia.

Teosofia deriva do termo grego "theosophia" - Theo - Deus + Sophia - Sabedoria, que é como quem diz: Sabedoria Divina.

Assenta no pressuposto de que todas as religiões têm um tronco comum, e propõe-se revitalizar esses ensinamentos perdidos. Têm afinidades com o Hinduísmo, o Budismo e o Gnosticismo entre outros.

Fica aqui o link para quem quiser, conhecer melhor a TEOSOFIA

Há muitos caminhos para Deus, mas todos começam do lado de dentro e não do lado de fora do nosso Ser.


Namasté!


15 comentários:

Manuel Rocha disse...

Namasté, Shiaya !

;)

o Editor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
o Editor disse...

Olá,

Nota Prévia 1:
Desde já afirmo que sinto-me ateu. Não sei se efectivamente o sou. Não me conheço assim tão bem, talvez porque nunca necessitei de me socorrer à "força" das entidades divinas, quando as "forças" terrestres não tinham soluções para os meus problemas e angústias.

Nota Prévia 2:
Aceito o que cada um pensa. E mesmo que não aceitasse, que legimitimade teria eu? Cada um, é aquilo que é.

Comentário:
Não acredito em "divindades", nem "celestiais", nem "interiores".
Acredito no "caminho", mas não acredito na "procura".
Esse caminho é apenas o percurso da minha vida. Simplesmente isso. Um dia após o outro.
A minha vida não tem de ser uma "procura". Não espero vir a encontrar o "pote de ouro" no seu final. O "pote" são as moedas que vamos recolhendo e que nos vão oferecendo.
Acho que o nosso "deus" somos nós, o interior e o exterior. E como somos nós, não precisamos de o procurar, porque ele está cá! Quanto mais o procuramos mais nos afastamos dele.
Quando pensamos em quem nós somos, apenas estamos a construir uma ideia. Uma ideia subjectiva.
Felizmente ou infelizmente, não existem "ferramentas" para "dar racionalidade" à nossa ideia.
Nós somos o que fazemos, o que sentimos, o que dizemos, o que experimentamos, mas também somos a "pele" que os outros vêm quando olham para nós.
Acho a procura do "nosso interior" um caminho solitário. Para mim, os "caminhos" devem ser percorridos em grupo e se eu precisar de saber quem sou, pergunto ao grupo, a opinião dele, não será nem melhor, nem pior que a minha. Será apenas subjsctiva como a minha.

Quanto à "Teosofia" é apenas mais uma ideia. E eu gosto de seguir as minhas, mesmo que elas sejam subjectivas. Só não me esfoço é para "construir essas ideas.

Nota Final:
Esta é a ideia no dia 2008/04/05 às 19h26m.

Fernando Dias disse...

Para mim Deus pode ser este efectivo entrelaçamento entre nós, afável e bondoso sem qualquer interesse egoísta nem contraparidas calculistas. Acontece.

Fátima Lopes disse...

Olá a todos e obrigada pelos vossos comentários.

Vou responder apenas ao Editor porque o seu comentário representa, a meu ver, aquilo que me parece ser uma linha de pensamento comum a muitos, actualmente.

Amigo, se me permites a advertência, o grupo é bom até um determinado ponto da nossa vida. Mas são muitas as vezes em que o grupo nos afasta do verdadeiro conhecimento de nós próprios. E é no processo de auto-conhecimento que damos inicio ao "caminho" como lhe chamaste. Tens razão, é um processo solitário mas é necessário. No grupo, as fronteiras do "Eu" esbatem-se, dissolvem-se.E isto, se acontece antes de termos uma noção mais ou menos definida de quem somos, pode ser perigoso. Pode levar-nos a pensar que somos o que não somos. Pode levar a uma certa alienação apática de que nem temos consciência. Somos impelidos em diversas direcções, algumas até contraditórias entre si, e neste "deambular" pelos diversos estímulos exteriores, facilmente nos perdemos da nossa essência. Quem és tu? O que és de facto? ou o que os outros espelham de ti? Os outros podem, evidentemente, devolver-te a um reflexo de ti próprio mas não ao teu "eu" mais profundo. Um reflexo é sempre uma pálida(e por vezes distorcida)representação da realidade. Para te conheceres verdadeiramente, é preciso a coragem de ires ao fundo de ti mesmo, sem os outros. Enquanto te alicerçares exclusivamente no mundo exterior, não saberás quem és e enquanto não conheceres o teu interior como esperas encontrar Deus em ti? É fácil dizer que Deus é tudo o que somos e que por isso não precisamos procurar. Mas é uma afirmação simplista. Assim, o trabalho já está todo feito. Se Deus é tudo o que somos não precisamos melhorar nada. Podemos até andar à deriva que está tudo bem porque somos Deus. Isto é a chamada "lógica da batata". O caminho para Deus não é o "deixa-andar", é o caminho do auto-aperfeiçoamento e claro, para isso, é preciso o auto-conhecimento.

Eventualmente, e a seu tempo, descobrirás tudo isto por ti próprio, estou apenas a dar uma achega.

Beijos

Fátima Lopes disse...

Bom, eu disse que só respondia ao Editor, mas não, o Manuel e o F.Dias merecem um comentário, sim senhor.

Manuel,
A Shiaya é aquela personagem do jogo? :P

F.Dias
A profundidade do seu comentário, talvez não seja entendida por todos mas merece todo o meu apreço e admiração. Às vezes, é precisamente nas ideias mais simples que reside o conteúdo mais elevado. ;)

Abraços

Pink

alf disse...

Quando falas em "Deus" referes-te a quê?

Se estás a pressupor a existência de um ser, uma entidade, existente num plano além do material, já estás a aceitar uma resposta para a pergunta básica: existe algo para além da matéria que conhecemos através dos 5 sentidos?

A resposta ser "sim" não implica o conceito de um Deus; podem ser muitos não é? Até em diferentes planos, não é?, tudo no universo parece existir numa infinidade de escalas; ou pode não existir "ser" nenhum, nenhum "regente", mas existirem outros planos.

É bom abrirmos os olhos estudando diversas teorias sobre o divino. em jovem fascinei-me quando descobri o Yoga e o Budismo. Sobretudo serviu-me para eu iniciar a minha própria procura, despido de todas as crenças.

O Yoga é importante porque nos vira para dentro de nós mesmos.

Como dizes, temos de procurar dentro de nós. Mas muito pouco encontraremos se não pusermos de lado todos os pressupostos e crenças. Apenas alimentaremos uma ilusão conveniente, ditada pelos nossos instintos que nos querem eternos.

a nossa imaginação é muito limitada, já o tenho dito, limita-se a fazer novas construções com o que já conhecemos. E se nos tentarem explicar algo que não pode ser decomposto em coisas que já conhecemos, nada compreenderemos. Por isso, as teorias que visam explicar o "além", feitas de coisas que conhecemos do "aquém", não podem ser certas.

Temos de procurar por nós e temos também de perceber que talvez possamos ter uma minuscula percepção de qualquer coisa mais, mas pretender ter uma explicação consistente do "além" é pura arrogância.

Mas não precisamos disso, na realidade. Basta-nos perceber que somos parte integrante do Universo, somos parte integrante do processo da Vida. Ter essa percepção, sentir a ligação, peguntar e ser respondido.

Fátima Lopes disse...

Alf,

Concordo inteiramente consigo. A palavra Deus é limitada, assim como o são todas as nossas conceptualizações do Divino. A noção de vários planos de existência, poderá estar bem mais próxima do real. Contudo, falar de vários planos de existência iria introduzir um grau de complexidade no discurso que não era o objectivo deste post.
Vou deixar aqui uma citação de um livro que estou a ler, e que me parece estar em sintonia com o que estamos ambos a dizer:

"Cada qual imagina Deus à sua maneira. Estamos quase todos muito imaturos a respeito de Deus.E, muitos de nós, acreditam em Deus (...)porque essa crença nos dá uma espécie de segurança, de protecção...E, se a biblia diz que Deus criou o homem à sua semelhança, o contrário também é verdade. cada um criou também um Deus à sua semelhança.(...) Porém, mesmo essa "ideia" de Deus é necessária, porque é preciso que o homem ame e tente compreender Deus, segundo a sua capacidade. Mas é também preciso que o homem tenha consciência das suas limitações, da sua incapacidade para compreender o infinito. Contudo, à medida que a nossa consciência se expande, se eleva, evitamos qualquer espécie de conceptualização. Preferimos viver, silenciosamente, o mistério de Deus em cada acto da nossa vida. Evitamos mesmo pronunciar o seu nome sagrado."

Ou seja, para "aprender a andar" precisamos apoioar-nos em algo. Só quando a aprendizagem já foi interiorizada, podemos então "caminhar" sem esforço e sem amparo. Mas até lá, o apoio é necessário e ajuda-nos encontrar um ponto de equilibrio, a partir do qual, já podemos "caminhar" sózinhos.

Não me parece pois, que estejamos em desacordo. ;)

Abraço

Pink

alf disse...

Não, não estamos em desacordo; sábio, o autor desse texto.

o Editor disse...

Olá Pink,
Aceito perfeitamente a tua opinião, o que não significa que concorde com ela.

Só não gosto é da "suposta superiodade moral" quando afirmas «Eventualmente, e a seu tempo, descobrirás tudo isto por ti próprio».

Mas também é disso que eu gosto em ti. Dizes o que pensas. :-)

Fátima Lopes disse...

Reagiste melhor do que eu esperava :)

Dizer estas coisas não é fácil. Corro sempre o risco de me considerarem “armada em superior” mas garanto-te que não me considero superior a ninguém e nem é minha intenção inferiorizar quem quer que seja. Se quiseres, experimenta fazer esta leitura daquela frase: imagina que eu fui à China. No regresso conto-te o que vi, o que senti e o que aprendi lá e no final da conversa digo-te o seguinte: “Quando lá fores vais compreender o que te estou a dizer” Ou então "Só indo lá poderás compreender melhor o que te estou a dizer" ;)


Beijos

Pink

alf disse...

Eu disse que o autor do texto que transcreves na tua resposta era sábio mas enganei-me! Eu disse isso porque pensei que o texto:

"Ou seja, para "aprender a andar" precisamos apoioar-nos em algo. Só quando a aprendizagem já foi interiorizada, podemos então "caminhar" sem esforço e sem amparo. Mas até lá, o apoio é necessário e ajuda-nos encontrar um ponto de equilibrio, a partir do qual, já podemos "caminhar" sózinhos."

era dele. Mas não! É teu! Portanto, quem é sábio és tu!

Fátima Lopes disse...

Ò Alf,

Quem me dera ser sábio... (e daí, talvez não...Se para quem não é sábio, viver neste mundo é tantas vezes exasperante, imagino que para um sábio seja verdadeiramente insuportável.)

Obrigada pela sua gentileza :)

Rui leprechaun disse...

Cruz e Cristãos, de ponta a ponta eu examinei.
Ele não estava na Cruz.
Fui ao templo Hindu, ao antigo Pagode.
E lá também não havia sinal algum.
Fui ao alto do Herat, e a Kandahar. Olhei.
Ele não estava nas terras altas nem nas baixas.
Resolutamente, fui ao topo da Montanha Kaf.
Ali havia somente o ninho do pássaro Añga.
Fui à Kaaba. Ele não estava lá.
Perguntei do seu paradeiro a Ibn Sina;
ele estava além dos limites do filósofo.
Olhei dentro do meu coração – e então eu o vi.
Ele não estava em nenhum outro lugar.


Jalaludin Rumi

jorge disse...

Olá Pink...:-)

Gostei muito do que li, muito pouco poderei acrscentar, não te esqueças de toda a energia que todos nós possuímos e, por favor, volta a ler o que escreveste, vive como escreveste....
..... Nada é por acaso, tudo tem uma razão de ser.....