terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aprender a Morrer


 
Na nossa sociedade, o tema da morte é ainda um tabu. Somos educados e preparados para a vida mas nunca para a morte. O que é estranho porque a morte é uma inevitabilidade e faz parte da vida. Todos sem excepção iremos morrer um dia. Não há como evitá-lo. Daí que talvez fosse bom haver maior frontalidade no tratamento deste tema. Evitar falar da morte como se ela não existisse não nos torna mais felizes, apenas mais alheados de uma realidade incontornável.

Vivemos e somos educados como se a vida, como a conhecemos, fosse para sempre. Tudo isto é um contracenso porque tudo na natureza à nossa volta se move em ciclos de morte e renascimento e nós fazemos parte do todo que nos envolve.

Só esta concepção errónea da realidade é que justifica que por exemplo não saibamos lidar com as pequenas mortes de todos os dias, sejam elas materiais ou emocionais. Temos, ao contrário de alguns povos antigos e sábios, uma imensa dificuldade de viver em desapego. Vivemos na ilusão dos sentidos e agarrados a coisas que só possuímos por empréstimo enquanto por cá andamos.

Claro que, para quem acredita que a morte é o fim de tudo, a simples ideia de morrer deve ser assustadora. Falamos não só da morte do corpo físico mas também da morte do ego e todos sabemos que o ego não quer morrer porque ele existe para nos permitir accionar os mecanismos de sobrevivência.

Já para aqueles que, como eu e tantos outros, acreditam na reencarnação, a morte não é uma ameaça mas uma oportunidade, não é um fim mas um recomeço. Morrer é mergulhar em outras dimensões da realidade.

Seja como for, com ou sem reencarnação, a morte existe e é para todos. Lembram-se do anúncio do chocolate “Mars” em que um índio se preparava para a morte e dizia “Hoje é um bom dia para morrer”? Para este índio a morte não era nem tabu, nem mistério apenas um momento pelo qual todos iremos um dia passar. Com a diferença de que ele estava preparado.

6 comentários:

dom disse...

“Todos estamos de visita neste momento e lugar. Só
estamos de passagem. Viemos observar, aprender,
crescer, amar e voltar para casa.”

Esta é a minha maneira de ver e encarar a morte.

Beijinhos grandes.

Fátima Lopes disse...

Concordo. É mesmo isso. Dito de outra forma: somos actores a representar papeis até que o pano desça e voltemos para casa. A nossa peça termina, os espectadores deixam de nos ver mas continuamos a existir enquanto seres do Universo.

Beijinho grande

Anônimo disse...

Olá...

Dá uma espreitadela no meu blog ;)
www.ocantinhodamimi.blogspot.com

Beijos*

Rui leprechaun disse...

Já? Mas se eu ainda nem aprendi a viver, homessa! :)

Aliás, como Gnomo milenar espero chegar ao ano 3000, claro... ou o mais perto possível e devagar! ;)

Eis um tema que me começou a fascinar ainda na adolescência, quando li os primeiros livros sobre reencarnação, planos etéreos e afins.

De resto, aprender a morrer é aprender a viver... it's all the same thing!

Como a sopa, a salada e a sobremesa...

Rui leprechaun

(...engulo tudo que é uma beleza! :))

Luis Correia disse...

há coisas em que eu não penso de forma consciente. vivo e gosto de viver, sem no entanto me esquecer que a morte é inevitável.

aprendi a viver com ela desde muito novo. mas não me massacro por isso.

sou pela eutanásia, ponto. este assunto não tem discussão. face a uma doença incurável, não há mais nenhuma hipotese, a igreja que se lixe com F grande.

coitados dos que ficam, quem tem que ir irá, nada dura para sempre, apenas a esperança.

paz!

Rui leprechaun disse...

face a uma doença incurável, não há mais nenhuma hipótese


E o que é isso de doença incurável? Haverá mesmo alguma impossibilidade para o organismo humano?

A este respeito, continuo a recomendar a volumosa compilação Spontaneous Remission - An Annotated Bibliography, uma leitura obrigatória para todos os profissionais de saúde e terapeutas. Porém, eu até ficava surpreendido se soubesse que apenas 1% - só 1 em 100! - de médicos e enfermeiros se interessam mesmo por este tema.

Para uma apresentação geral, deve começar-se pela leitura das FAQ, ou perguntas e respostas que dão uma explicação sucinta daquilo que é o fenómeno da remissão ou cura espontânea.

Logo, de certa forma podemos morrer quando queremos, e é bem preferível fazê-lo conscientemente na altura certa!

Em suma: o conceito de "doença incurável" nasce apenas da ignorância daquilo que é a vida e o propósito deste corpo humano... mui perfeito e sempre a jeito, tanto em pé como no leito! :)

Porque há sempre hipótese... we do chose our own life and death, if we learn how to do it!


As nothing in this life that I've been trying
Could equal or surpass the art of dying
- George Harrison