segunda-feira, 22 de março de 2010

O Livro dos Prazeres Inúteis

Um livro absolutamente delicioso com pequenos textos que nos remetem para pequenos prazeres que a vida coloca à nossa disposição, quase todos eles grátis e, segundo os autores, totalmente inúteis.

Deixo aqui alguns exemplos do que este livro nos oferece:

"Sexo Matinal
   Ao contrário do desempenho sexual frenético que se segue a uma saída nocturna, o sexo matinal é deliciosamente despretensioso, relaxante e lento. Com a poeira do sono ainda nos seus olhos, as costas arqueadas e uma risadinha descontraída de satisfação, você brinca com o seu amante. Puxando-o para junto de si, com os tornozelos e nádegas de ambos a moverem-se sinuosamente debaixo dos lençóis. E deixando-lhe um sorriso largo na cara, ainda antes de os primeiros raios de luz do dia lhe terem tocado os olhos.
   A seguir, juntam-se ao sol da manhã de sábado, com um prazer tranquilo e pleno de satisfação. Aparece uma bandeja de muffins torrados, com um bule de chá a acompanhar. Se há alguma maneira mais perfeita de começar o dia, ainda não a descobri."


"O Roupão
     Não há uniforme mais apropriado para a preguiça do que o roupão. Só o mero facto de se ter um é um sinal de esperança. Um símbolo de que se pretende ser negligente. Os roupões acompanham o estado de não fazer nada, mas o que é que está verdadeiramente a fazer quando não está a fazer nada? A pensar, é isso que está a fazer. A sociedade tem medo da população com tempo para pensar.
     Sabe-se que são as pessoas desse género que costumam mudar as coisas. É por isso que o roupão é o verdadeiro uniforme da revolução. No futuro, numa qualquer altura bem distante da nossa, os homens e as mulheres olharão com assombro para o dia em que os donos do poder global foram finalmente derrubados - por um exército de pessoas vestidas de roupão."


"Ficar Deitado de Papo para o Ar no Campo
     Não fazer nada é bem capaz de poder salvar o planeta. Quando você se deita num campo, volta a ligar-se à terra sem a prejudicar. Se toda a gente se tivesse deitado de papo para o ar nos campos durante os últimos duzentos anos, em vez de construir fábricas, carros, armas e aviões, teria havido muito menos mortes e muito menos estragos ambientais. A maneira de salvarmos o planeta é abstermo-nos de o atacar e, por isso, deitarmo-nos nele pacificamente é um acto de cura radical."

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