Primeiro era o vazio, o nada.
Apenas uma bola enorme de fumo.
Era o tempo de esperança, do devir.
Das brumas, entre veios de nuvens, surgiu um raio de luz...
Subindo no ar compacto, reflexos arroxeados projectando-se no infinito, formaram, em várias tonalidades, figuras estranhas.
Figuras moldadas na consistência ainda nublosa dos tempos.
Daquelas formas disformes e ténues, algo se começou a desenhar...
...reconheci-te!
Envolto em luz e véus de vapor, reconheci-te!
Do nada surgiu a forma suave de um corpo sem destino traçado, sem mancha de vício ou capricho.
Depois o tempo cresceu, transformou-se ...
...voltei a encontrar-te!
Num tempo distante do início dos tempos, marcado pelo ritmo acelerado da vida, das mudanças, encontrei-te! Eras tu! O mesmo que reconheci no dia primeiro.
Que bom ter-te encontrado!
Cansada dos séculos de ansiosa espera, poderia enfim descansar entre os teus braços!
escrito em 1991
Um comentário:
Parabéns, gostei muito. Devia escrever mais poesia.
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