quinta-feira, 30 de junho de 2011

Inicio



Primeiro era o vazio, o nada.
Apenas uma bola enorme de fumo.
Era o tempo de esperança, do devir.


Das brumas, entre veios de nuvens, surgiu um raio de luz... 
Subindo no ar compacto, reflexos arroxeados projectando-se no infinito, formaram, em várias tonalidades, figuras estranhas.
Figuras moldadas na consistência ainda nublosa dos tempos.
Daquelas formas disformes e ténues, algo se começou a desenhar...


...reconheci-te!


Envolto em luz e véus de vapor, reconheci-te!
Do nada surgiu a forma suave de um corpo sem destino traçado, sem mancha de vício ou capricho.


Depois o tempo cresceu, transformou-se ...


...voltei a encontrar-te!


Num tempo distante do início dos tempos, marcado pelo ritmo acelerado da vida, das mudanças, encontrei-te! Eras tu! O mesmo que reconheci no dia primeiro.
Que bom ter-te encontrado!
Cansada  dos séculos de ansiosa espera, poderia enfim descansar entre os teus braços!


escrito em 1991   

Um comentário:

Helena Martins disse...

Parabéns, gostei muito. Devia escrever mais poesia.