O conceito de Felicidade
Interna Bruta nasceu em 1972, no Butão, um pequeno país situado nas encostas
dos Himalaias, entre a China, a Índia e o Tibete e foi criado pelo Rei Jigme
Singye Wangchuck.
O conceito tem por base o
principio de que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade só acontece
quando há desenvolvimento espiritual a par do desenvolvimento material,
complementando-se e reforçando-se mutuamente.
O FIB assenta em 4 pilares
fundamentais:
1 - Promoção do desenvolvimento sócio-económico sustentável e igualitário
2 - Preservação e promoção dos valores culturais
3 - Conservação do Meio Ambiental natural
4 - Estabelecimento da boa governança
Os dirigentes do Centro de Estudos do Butão
definiram ainda nove indicadores para medir a felicidade nacional:
- Bem-estar
psicológico
- Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho
- Vitalidade comunitária
- Educação
- Preservação cultural
- Proteção ambiental
- Boa gestão governamental
- Segurança financeira.
"Produto Interno Bruto
é insuficiente para avaliar as sociedades
Nos últimos anos tem sido dada cada vez maior relevância aos
índices de felicidade dos países. Em 2009, na 5ª Conferência Internacional
sobre a Felicidade Interna Bruta, os vários profissionais internacionais
participantes foram unânimes: o Produto Interno Bruto é uma ferramenta
demasiado insensível e imperfeita para medir o sucesso das sociedades.
Estudos recentes que mediram a felicidade dos países, sustentam a teoria de que um PIB elevado ajuda mas não garante o bem-estar dos cidadãos. José Pais Ribeiro, Professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que estuda o "fenómeno" da felicidade desde os anos 90, confirma dando o exemplo de povos como os das Caraíbas, "que são mais pobres do que nós (portugueses)" mas que "têm valores de felicidade superiores".
Um estudo realizado em 2009 pela OCDE e que abrangeu 140 países, revela que o país com o PIB per capita mais elevado do mundo, a Noruega, ficou apenas no 9º lugar da lista. Já a Nova Zelândia, com um PIB per capita três vezes inferior ao da Noruega ficou em oitavo.
O mesmo estudo indica que os povos mais felizes são os da Europa do norte: a Dinamarca, a Finlândia, a Holanda e a Suécia. Países que além de uma economia sólida, possuem um grande sentido de solidariedade social, valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e oferecem altos benefícios aos seus contribuintes.
É a primeira vez que a ONU faz um estudo sobre a felicidade
dos países. O Relatório Mundial sobre Felicidade posiciona os países nórdicos
entre os mais felizes do mundo. Portugal ocupa a 73ª posição numa lista que
inclui 156 países.
Dinamarca, Noruega, Finlândia e Holanda encabeçam a lista e
são os países considerados mais felizes, com uma avaliação média de 7,6 pontos
numa escala de 0 a 10. Portugal obteve uma média de 5,4 posicionando-se no
centro da tabela mundial.
Em contraponto, países da África subsariana como o Togo, o
Benim, a República Centro-Africana ou a Serra Leoa são considerados os países
com um índice de felicidade mais baixo, numa classificação que ronda os 3,4
pontos.
Além da riqueza, este relatório dá valor aos níveis
de liberdade política, às redes sociais fortes e à ausência de corrupção. A
nível individual, também são essenciais variáveis como a saúde física e mental,
a segurança no trabalho e um ambiente familiar estável
O Relatório, apresentado a 2 de Abril na Conferência sobre a
Felicidade da ONU, foi encomendado à Universidade de Colúmbia e publicado pelo
Instituto da Terra.
Os dados foram recolhidos entre 2005 e 2011, mediante a
avaliação de vários entrevistados, maiores de 15 anos, aos quais foi pedido que
avaliassem a sua qualidade de vida numa escala de 0 a 10.
Mundo ocidental de
olhos postos no FIB
Será que a aplicação do FIB traria benefícios a países como
Portugal e Itália, que surgem recorrentemente no fim dos estudos sobre a
felicidade? Talvez, mas seria uma tarefa difícil. "Não acredito que seja
possível implementar o FIB nos países ocidentais. Acharíamos sempre que era uma
armadilha do poder para ficar com o nosso dinheiro. No entanto, a formalização
do FIB e a sua discussão [...] pode chamar a nossa atenção para aspectos que
são importantes e que tendemos a negligenciar", defende Pais do Amaral.
No entanto, a moda está a pegar. Alguns países ocidentais
começam a considerar a hipótese de adoptar este método. Em 2008, o presidente
francês Nicholas Sarkozy anunciou que o governo francês iria começar a medir o
bem-estar dos cidadãos. Para isso constituiu uma Comissão de Medição da
Performance Económica e do Progresso Social, liderada pelo economista e prémio
Nobel, Joseph Stiglitz.
Também o Canadá desenvolveu, recentemente, um índex de
bem-estar para medir a vitalidade da sua comunidade. E o Reino Unido emitiu um
conjunto de indicadores de
desenvolvimento sustentável num primeira tentativa de criar um índex
sistemático da qualidade de vida do país. A própria OCDE tem realizado estudos
para avaliar o bem-estar dos países a nível mundial.
O PIB continua a ser o principal indicador das competências
e da credibilidade das nações, o único admitido pelo Banco Mundial e outras
instituições financeiras e políticas. E os líderes mundiais correspondem
orientando as políticas nacionais para esses objectivos. Talvez no futuro o
próprio Banco Mundial venha a incluir o FIB nos seus indicadores. E aí, pode
ser que os dirigentes das nações sigam um novo rumo, com os olhos postos no bem
estar dos seus povos."
Fonte://www.boasnoticias.clix.pt/