quinta-feira, 22 de março de 2007

Caminhos


Muitos são os caminhos, poucos são os que nos levam onde queremos. Escolher um caminho é das coisas mais difíceis de fazer, e no entanto, fazemo-lo todos os dias. Mesmo sem notarmos isso estamos sempre a fazer escolhas, das mais simples às mais complexas. Onde nos levam os caminhos que escolhemos é coisa que não nos é dado a saber antecipadamente. Vamos andando...como se diz. Ainda assim, creio que para um mesmo destino na nossa vida temos, tal como numa estrada, várias hipóteses à nossa escolha. Às vezes são caminhos principais, outras são atalhos ou mesmo desvios. Às vezes são ruas estreitas e apertadas outras vezes são auto-estradas. Mas será que o caminho é importante? Não será antes a forma como nos relacionamos com o caminho o que mais importa? Há quem discorde e diga que o que importa é chegar ao destino que se pretende, eu acho que o mais importante é saber tirar partido do caminho que se escolhe e deixarmo-nos surpreender pela paisagem, pelas pessoas, pelo clima do caminho escolhido. E depois?... bem, depois logo se vê. Até porque a vida também tem rotundas e encruzilhadas que nos permitem optar, voltar atrás, ou seguir em frente. O que importa mesmo é fazer o caminho e ligarmo-nos a ele como o condutor se liga ao seu carro. Qualquer caminho, por mais acidentado e penoso que seja traz-nos sempre algo de bom se estivermos atentos.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Viagem ao Interior


Fui ao baú dos meus poemas e encontrei lá este, que decidi partilhar Chama-se "Viagem ao Interior":

Do nada, do meio da névoa indecifrável surge a encruzilha
a chamar o livre arbítrio, a vontade , a coragem o bom senso....

Juntam-se a eles o medo - do frio, do desconforto, do erro...

Assim se adensa a tempestade trazendo dentro e enxurrada

Assim te encontras perdido na chuva e no vento ....
a alma ensopada até aos ossos,
o corpo pesado arrastando-se pelos dias,
dormindo embrulhado no desalento.

Depois perdes-te de ti numa 5ª dimensão interior...

Ao longe ouves ainda o ruído do pensamento
Numa voz morna e já, indolor

Lentamente sentes secar-te a alma
Enquanto a tempestade se afasta

Flutuas agora num vazio espesso
- Anestesia

E queres ficar nesse lugar distante de ti
Um lugar sem noite, sem dia
Sem principio, sem fim...

Sabes que existes mas não te vês e não sentes

e ficas assim aninhado no ausência
na deliciosa ausência de tudo.

É nesse intervalo do tempo, com a mente limpa
Que decides

Na certeza ou na incerteza desfez-se a encruzilhada
Foste ao fundo e voltaste