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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Confissões de uma mulher com defeitos!


A maioria de nós tem, pelo menos, duas imagens: a pública e a privada. A pública, salvo as excepções habituais, é toda bonitinha e engomadinha como convém; a privada às vezes nem por isso.

Se me deixarem durmo 12 horas seguidas todos os dias; fumo o primeiro cigarro da manhã antes de tomar o pequeno almoço; tomo banho à noite e não de manhã; a minha casa não vê pano do pó nem esfregona, às vezes, durante várias semanas; não engomo camisolas, t-shirts, lençóis, toalhas nem calças de ganga. Quando não há comida no frigorífico faço mistelas que nem os gatos comeriam; esqueço-me de substituir as toalhas da casa de banho até ser impossível usá-las; tenho acessos de raiva que nem com vacina….

Quando perco as estribeiras é a sério e saiam da frente; não tenho paciência para gente piegas, estúpida, azeda, lerda ou retorcida; às vezes faço compras estúpidas e além do orçamento. Tenho apetites estranhos e nas piores alturas; fico impossível quando quero um cigarro e não tenho; compro mais livros do que consigo ler; conduzo muitas vezes em excesso de velocidade; sou desarrumada e indisciplinada e acho que a minha cara, ao acordar, assusta até um fantasma. Pronto, confessei!

A perfeição se existir não é neste mundo, por isso, chega de fingir que somos o supra-sumo da batata, exibindo a mais ignóbil hipocrisia.

Quem ficou decepcionado, azar, porque não há pachorra para “gatas-borralheiras-cinderelas” a não ser nos contos infantis.

Isto não significa que não reconheça os erros e que não tente melhorar, significa, isso sim, que sou humana. Deixemo-nos de merdas porque somos todos humanos com imensos defeitos. Quem não os tiver que atire a primeira pedra!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Tabaco - A Maior Hipocrisia II

Parece que poucos entenderam o sentido do post anterior, por isso aqui fica o esclarecimento, que espero seja suficiente e definitivo quanto à sua essência.


Vamos por partes.

HISTÓRIA DO TABACO

"Parece que o hábito de se fumar foi introduzido primeiro em Inglaterra, em 1585 por sir Francisco Drake, que de volta da Virgínia, propagou e ensinou a manipular o tabaco, segundo o processo dos naturais daquela região. Então abriu-se a primeira casa de venda para o consumo da planta em França, e em Espanha supõe-se ser o uso do tabaco de fumo, devido a um frade espanhol, residente muitos anos na ilha de S. Domingos. O gosto da substância fornecia grandes proventos aos estados apesar de se reconhecer que era pernicioso ao organismo. Parece que foi no principio do século XVII, pouco mais ou menos, que em Portugal começou o seu consumo com uma certa importância sempre crescente, dando origem a um pequeno imposto arbitrado pelo rei, imposto este, que foi dia a dia aumentando com a gradual progressão dos lucros, que os comerciantes auferiam. Antes da aclamação de D. João IV, o contrato do tabaco foi arrematado pelo espaço de 3 anos na corte de Madrid, por um português em 40$000 reis por ano; passado esse prazo, Inácio de Azevedo, também português, o ajustou por 60$000 reis, mas tendo falecido, passou de novo o contrato ao primeiro. O acrescimento foi subindo de ano para ano, e em 1640, foi o contrato arrematado por 10:000 cruzados, e em 1674, por 66:000 cruzados. Do ano de 1675 em diante rendeu o tabaco 500:000 cruzados até um 1 milhão de cruzados, e no anuo de 1698 aumentou o dito contrato a 1 milhão e 600:000 cruzados e finalmente nos anos de 1707 e 1708 o castelhano D. João António de la Concha trouxe o contrato do tabaco arrendado por 2 milhões e 200.000 cruzados, em cada ano, não com pequena admiração da prodigiosa química, com que pó e fumo, em prata e ouro se convertiam. Assim se conservou algum tempo, para do novo retomar o aumento progressivo e chegar afinal à importância de 1520 contos anuais, que foi o preço do contrato que findou em 1864. Tendo sido abolido por lei das cortes o monopólio do tabaco a contar do 1º de Janeiro de 1865, foi posto em praça publica o contrato pelo segundo se mestre de 1864, e arrematado por uma companhia, juntamente com o edifício, maquinas e utensílios da fabrica, por 1:410$500 reis. A companhia havia sido instalada em 1845, por, ordem do governo, no edifício do antigo convento de Xabregas. Ao princípio foi este monopólio arrendado sem concorrência. Depois introduziu-se o uso de se dar em arrematação em praça pública a quem oferecesse maior lanço, para o que se organizavam companhias de capitalistas."

Estado
é uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território". O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo do uso da força (coerção, especialmente a legal).
Pasted from <http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado>

"A origem da palavra sociedade vem do latim societas, uma "associação amistosa com outros". Societas é derivado de socius, que significa "companheiro", e assim o significado de sociedade é intimamente relacionado àquilo que é social. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesse ou preocupação mútuas sobre um objectivo comum. Como tal, sociedade é muitas vezes usado como sinonimo para o colectivo de cidadãos de um país governados por instituições nacionais que lidam com o bem-estar cívico."
Pasted from <
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade>

Posto isto, e como o título do post remete para a hipocrisia, convém também falar sobre ela, de preferência no contexto em que se insere o tema do post, ou seja, o terreno politico-social. Aconselho por isso a leitura deste artigo: Reflexões Sobre a Natureza do Poder Politico: O Problema da Hipocrisia de onde cito apenas este pequeno excerto:

"A tendência à burocratização do Estado e da empresa capitalista e o processo
de secularização - apontados por Weber - correspondem ao avanço da razão instrumental que resulta na perda da liberdade do homem. A eficiência e o êxito
desejados tornam-se quiméricos, uma vez que os meios adoptados pela razão instrumental não são orientados por princípios éticos. A lógica cega da burocracia e razão racionalista cientifica produzem grandes irracionalismos, extremamente perigosos aos homens, como as grandes armas de aniquilação que podem destruir o planeta."


E já que a existência do Estado pressupõe uma Constituição, espreitemos a nossa:

"
Artigo 60.º (Direitos dos consumidores)
1. Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e serviços consumidos, à formação e à informação, à protecção da saúde, da segurança e dos seus interesses económicos, bem como à reparação de danos."
Falando em Direitos do Consumidor, vamos a eles:

"CAPÍTULO II
Direitos do consumidor
Artigo 3.º
Direitos do consumidor

O consumidor tem direito:
a) À qualidade dos bens e serviços;
b) À protecção da saúde e da segurança física;


Artigo 5.º
Direito à protecção da saúde e da segurança física

1-
É proibido o fornecimento de bens ou a prestação de serviços que, em condições de uso normal ou previsível, incluindo a duração, impliquem riscos incompatíveis com a sua utilização, não aceitáveis de acordo com um nível elevado de protecção da saúde e da segurança física das pessoas.

2- Os serviços da Administração Pública que, no exercício das suas funções, tenham conhecimento da existência de bens ou serviços proibidos nos termos do número anterior devem notificar tal facto às entidades competentes para a fiscalização do mercado.

3- Os organismos competentes da Administração Pública devem mandar apreender e retirar do mercado os bens a interditar as prestações de serviços que impliquem perigo para a saúde ou segurança física dos consumidores, quando utilizados em condições normais ou razoavelmente previsíveis."
Pasted from <
http://www.verbojuridico.net/legisl/1990x/l96_024.html>


No post anterior apresentei uma artigo sobre a dependência química provocada pela nicotina. Mas talvez não tenha sido suficiente. Por isso, apresento-vos agora um estudo clínico que compara os níveis de dependência de várias drogas, entre as quais a nicotina. Vejam aqui


CONCLUSÃO:

O tabaco mata! e quando não mata mói!
Logo, não é um bem de qualidade,
Nem faz bem à saúde antes pelo contrário,
A nicotina é uma droga,
Considerada aquela que causa maior grau de dependência física e psíquica,
A dependência faz aumentar o seu consumo,
Os Estados (do mundo inteiro), os mesmos que assumem poderes de protecção dos seus cidadão sabem disto através da Organização Mundial de Saúde,
As tabaqueiras fazem de tudo para aumentar a dependência do tabaco. É noticia de jornal.
A maioria dos fumadores quer deixar de fumar mas não consegue,
Ao contrário dos tóxico-dependentes de drogas duras, os fumadores não podem "fugir" das zonas da droga porque ela está em todo o lado e é legal,
Os Estados alertam para os perigos mas continuam a arrecadar o chorudo imposto,
Os que ainda são jovens podem beneficiar dos alertas e da proibição da publicidade e de fumar em espaços públicos, para não começarem a fumar,
Mas aqueles que começaram há décadas atrás, quando fumar era promovido como um hábito de gente com estilo e actores de cinema, esses, agora estão presos na armadilha do vício. Para eles de pouco ou nada servem os rótulos ou mesmo as imagens assustadoras.


Que nome se dá a um Estado e a uma Sociedade que defendem tudo quanto são direitos dos indivíduos e simultaneamente fabricam um produto para consumo humano, com o aviso "ISTO MATA"?


Seria mais honesto matarem-me com um tiro no peito!


Para os interessados, um livro:"O Cigarro"


"Este livro tem uma ambição prosaica: tenta resumir a história do cigarro com base nos conflitos entre a ciência e a indústria, entre o prazer e o risco. Parte de fatos recentíssimos (a revelação de milhares de documentos secretos dos fabricantes de cigarros nos EUA a partir dos anos 90, documentos estes praticamente desconhecidos no Brasil), passeia pelos 40 anos de mentira da indústria, retrata como nosso país entrou nessa briga, mostra que o antitabagismo tem 500 anos e discute qual o futuro da droga que, ao lado da cafeína, é a mais popular da história - ela seduz um quinto do planeta e tem vendas de US$ 300 bilhões por ano. "

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Tabaco - A Maior Hipocrisia I

Começo este post por assumir que sou fumadora. Um vício que dispensaria de bom grado (e não me venham falar de força de vontade!...)

Mas este post não é sobre mim, é sobre o tabaco.

É uma droga, todos sabemos; cria elevada dependência física e psicológica, também sabemos; provoca todo o tipo de doenças e em muitos casos leva à morte, são dados adquiridos.

Então que raio de sociedade é a nossa que continua a vender livremente um produto para consumo humano, em cujos rótulos se lê : MATA!

O que é que o estado faz em relação ao tabaco?

1 - Arrecada 80% do seu valor através do imposto do tabaco!
2 - Proíbe a publicidade ao tabaco
3 - Investe em campanhas anti-tabagismo
4 - Insere nos maços de tabaco fases como: FUMAR MATA e outras igualmente assustadoras
5 - Proíbe a venda a menores de 16 anos
6 - Cria legislação no sentido de defender os não fumadores

Meus amigos, não estamos a falar da venda de um kit-suicido que só compra quem se quer mesmo suicidar e por isso lá está o aviso: MATA!, não, estamos a falar de um produto que causa dependência a partir do primeiro cigarro e que vai matando lentamente depois de o incauto já estar preso nas malhas da nicotina!

Vejam este
artigo baseado numa notícia do "El País" onde se pode ler : "Os cigarros são uma obra de engenharia para aumentar a dependência".

Não basta ser prejudicial, não basta ser uma das principais causas de morte, não, ainda é preciso estratagemas para aumentar a
dependência e escravizar o fumador! E ninguém se manifesta? Ninguém diz nada? Esta coisa dos brandos costumes começa a mexer-me com os nervos!...

Para quem não sabe, eis como actua a
nicotina.

Mas dirão alguns: - Ok, é mau mas o estado lá vai arrecadando uns trocos à conta deste negócio!

Será que o estado de facto ganha alguma coisa? Então e o que o estado perde:

1 - A montante : nas campanhas de prevenção

2 - A jusante: em tratamentos hospitalares, medicamentos, subsídios de incapacidade para o trabalho, absentismo laboral...

Já alguém fez estas contas? Será que alguém as quer fazer?...


(e de acordo com este artigo parece que não sou a única a pensar assim...)

E dizem outros: - mas não se pode acabar com o tabaco assim de repente, são inúmeros postos de trabalho em causa!

E digo eu: - ai sim? só o facto de produzirem um produto que MATA deveria ser suficiente para começarem à procura de emprego noutro lado!

Mas então o que é que se produziria no lugar do tabaco? - Não faço a mínima ideia mas aceitam-se sugestões. Sejam criativos!


E para terminar, "la piece de resistance". Vejam este folheto extraído de um maço de Marlboro.