quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Saúde Integral III


Apontamentos Finais I


1 - Comecei o primeiro post sobre este tema, referindo que me faz muita confusão a dúvida permanente. Sabemos que Descartes tem culpas no cartório por ter introduzido nos modelos do conhecimento a dúvida sistemática. Claro que como eu disse antes, a dúvida enquanto metodologia cientifica é importante mas caramba, será que os ecos de Edgar Morin e da sua Teoria da Complexidade ainda não se fazem ouvir? Quanto tempo mais teremos de esperar para que as Ciências, e neste caso concreto as da saúde, reconheçam que o actual modelo mecanicista e positivista é insuficiente para além de não ser representativo da realidade?

Não é o Universo um sistema? Não é o planeta um sistema mais pequeno dentro do outro maior? Não são as sociedades sistemas ainda menores? Não é o corpo humano outro sistema ainda mais pequeno dentro dos anteriores e portanto em constante interacção com eles?

Então porque raio somos analisados como se existíssemos isolados de todo este intercâmbio sistémico?

Bom, quem quiser perceber como aqui chegámos e o que se propõe para daqui sairmos poderá ler mais um ARTIGO dos Cadernos de Saúde Pública.


2 – Há no entanto progressos que importa referir, nomeadamente no campo da relação entre as emoções e o sistema imunitário, como é o caso da PSICONEUROIMUNOLOGIA Deste artigo cito o último parágrafo que diz o seguinte:

“A Psiconeuroimunologia contribui para que os pacientes possam compreender que seu corpo é uma somatória integrada e indissolúvel do mental com o orgânico, influenciado significativamente pela experiência de vida e por sua própria sensibilidade. Finalmente, a Psiconeuroimunologia não só deve contribuir solidamente para a compreensão da fisiopatologia médica como da visão holística da medicina.”

Até aqui estamos de acordo, é este o caminho, já tenho mais dúvidas em relação ao como fazê-lo. Se a medicina está tão subdividida em inúmeras especialidades qual vai ser o “especialista” que nos irá ver como um todo e não como um conjunto de partes? E vindo esta abordagem de uma nova disciplina da Psicologia, filha bastarda da ciência, como se resolve este imbróglio?

Fica a pergunta se alguém quiser/souber responder.

7 comentários:

Fernando Dias disse...

Não sei responder à sua pergunta, mas concordo com a forma como aborda as questões colocadas neste post. A psiconeuroimunologia é muito importante. E acho que está em boa companhia com o pensamento de Edgar Morin.

Manuel Rocha disse...

Eu também não sei responder, óbviamente.

Mas se quiser uma sugestão de leitura para essa visão sistémica das coisas que parece apreciar, aqui fica ela:

O Macroscópio, de Joel de Rosnay

Como estou a citar de côr, não recordo ano nem editora, mas recordo uma obra bastante pedagógica e acessível.

antonio ganhão disse...

Da minha experiência de 2004 a 2006, com quatro internamentos em três hospitais diferentes, sei o como é fundamental sermos tratados como seres humanos e não como seres menores (como fui tratado num certo hospital público) onde os médicos não admitiam ser questionados ou sequer que os doentes lhe dirigissem a palavra...

Fátima Lopes disse...

Obrigado a ambos pelos comentários, de facto parece-me uma questão complicada sobretudo quando se pensa nos seus aspectos práticos. É isto que me aflige: vão-se fazendo avanços aqui e acolá mas eles saltam como pop-ups (dispersos)seria necessário uma espécie de processo de osmmose para que todas as áreas afins beneficiassem do avanço das áreas parceiras. Quem é que governa estas coisas? Já estou como o Manuel: "queixo-me a quem"?

Manuel, percebeu lindamente a minha forma de raciocionio. Tenho uma visão muito macro das coisas, sou péssima em pormenores e tenho péssima memória para detalhes. Mas já me vou aceitando como sou, pois que não podemos ser todos iguais ou não haveria "cromos" para a troca ;)

Agradeço a sua sugestão de leitura, vou certamente procurar.

Pink

Fátima Lopes disse...

Perceberam que o meu comentário anterior era para o F.Dias e o Manuel.

António
Percebo o que diz e obviamente tem tudo ainda um maior significado quando passamos pela experiência na própria pele. Como dizia o Alf outro dia, temos falta de amor e quando não há amor para dar, o melhor profissional deste mundo, em áreas de relacionamento com o público, dá apenas a sua "arte" e toda a "arte" sem amor é grosseira.

Anônimo disse...

A abordagem sistémica de encarar a realidade (seja ela qual for) como um conjunto de elementos mais simples vem do princípio da divisão da matéria até à sua unidade mais reduzida: o átomo. Esta realidade diz-nos implicitamente que a divisão em várias partes simplifica a compreensão da realidade como um todo, pois temos a oportunidade de "contactar e conhecer" todos os seus elementos constituintes. Penso que concordará comigo que esta abordagem é verdadeira para tudo aquilo que é fisicamente mensurável, quantificável. Penso no entanto que cometemos um erro ao tentar estabelecer uma analogia entre um ente físico e um ente imaginário no que diz respeito à sua forma de compreensão. Quantas vezes damos por nós a tentar compreender um sentimento, uma dor, através da sua divisão em partes, quando na realidade, a compreensão do mesmo está ali mesmo à nossa frente, como um todo.

Fátima Lopes disse...

Palhinhas

Antes de mais bem vindo a este blog.

Vou dar uma resposta curta porque tenho de ir dormir.

A minha preocupação é só uma: o reducionismo, nomeadamente a "Navalha de Occam"