Apontamentos Finais I
1 - Comecei o primeiro post sobre este tema, referindo que me faz muita confusão a dúvida permanente. Sabemos que Descartes tem culpas no cartório por ter introduzido nos modelos do conhecimento a dúvida sistemática. Claro que como eu disse antes, a dúvida enquanto metodologia cientifica é importante mas caramba, será que os ecos de Edgar Morin e da sua Teoria da Complexidade ainda não se fazem ouvir? Quanto tempo mais teremos de esperar para que as Ciências, e neste caso concreto as da saúde, reconheçam que o actual modelo mecanicista e positivista é insuficiente para além de não ser representativo da realidade?
Não é o Universo um sistema? Não é o planeta um sistema mais pequeno dentro do outro maior? Não são as sociedades sistemas ainda menores? Não é o corpo humano outro sistema ainda mais pequeno dentro dos anteriores e portanto em constante interacção com eles?
Então porque raio somos analisados como se existíssemos isolados de todo este intercâmbio sistémico?
Bom, quem quiser perceber como aqui chegámos e o que se propõe para daqui sairmos poderá ler mais um ARTIGO dos Cadernos de Saúde Pública.
2 – Há no entanto progressos que importa referir, nomeadamente no campo da relação entre as emoções e o sistema imunitário, como é o caso da PSICONEUROIMUNOLOGIA Deste artigo cito o último parágrafo que diz o seguinte:
1 - Comecei o primeiro post sobre este tema, referindo que me faz muita confusão a dúvida permanente. Sabemos que Descartes tem culpas no cartório por ter introduzido nos modelos do conhecimento a dúvida sistemática. Claro que como eu disse antes, a dúvida enquanto metodologia cientifica é importante mas caramba, será que os ecos de Edgar Morin e da sua Teoria da Complexidade ainda não se fazem ouvir? Quanto tempo mais teremos de esperar para que as Ciências, e neste caso concreto as da saúde, reconheçam que o actual modelo mecanicista e positivista é insuficiente para além de não ser representativo da realidade?
Não é o Universo um sistema? Não é o planeta um sistema mais pequeno dentro do outro maior? Não são as sociedades sistemas ainda menores? Não é o corpo humano outro sistema ainda mais pequeno dentro dos anteriores e portanto em constante interacção com eles?
Então porque raio somos analisados como se existíssemos isolados de todo este intercâmbio sistémico?
Bom, quem quiser perceber como aqui chegámos e o que se propõe para daqui sairmos poderá ler mais um ARTIGO dos Cadernos de Saúde Pública.
2 – Há no entanto progressos que importa referir, nomeadamente no campo da relação entre as emoções e o sistema imunitário, como é o caso da PSICONEUROIMUNOLOGIA Deste artigo cito o último parágrafo que diz o seguinte:
“A Psiconeuroimunologia contribui para que os pacientes possam compreender que seu corpo é uma somatória integrada e indissolúvel do mental com o orgânico, influenciado significativamente pela experiência de vida e por sua própria sensibilidade. Finalmente, a Psiconeuroimunologia não só deve contribuir solidamente para a compreensão da fisiopatologia médica como da visão holística da medicina.”
Até aqui estamos de acordo, é este o caminho, já tenho mais dúvidas em relação ao como fazê-lo. Se a medicina está tão subdividida em inúmeras especialidades qual vai ser o “especialista” que nos irá ver como um todo e não como um conjunto de partes? E vindo esta abordagem de uma nova disciplina da Psicologia, filha bastarda da ciência, como se resolve este imbróglio?
Fica a pergunta se alguém quiser/souber responder.
7 comentários:
Não sei responder à sua pergunta, mas concordo com a forma como aborda as questões colocadas neste post. A psiconeuroimunologia é muito importante. E acho que está em boa companhia com o pensamento de Edgar Morin.
Eu também não sei responder, óbviamente.
Mas se quiser uma sugestão de leitura para essa visão sistémica das coisas que parece apreciar, aqui fica ela:
O Macroscópio, de Joel de Rosnay
Como estou a citar de côr, não recordo ano nem editora, mas recordo uma obra bastante pedagógica e acessível.
Da minha experiência de 2004 a 2006, com quatro internamentos em três hospitais diferentes, sei o como é fundamental sermos tratados como seres humanos e não como seres menores (como fui tratado num certo hospital público) onde os médicos não admitiam ser questionados ou sequer que os doentes lhe dirigissem a palavra...
Obrigado a ambos pelos comentários, de facto parece-me uma questão complicada sobretudo quando se pensa nos seus aspectos práticos. É isto que me aflige: vão-se fazendo avanços aqui e acolá mas eles saltam como pop-ups (dispersos)seria necessário uma espécie de processo de osmmose para que todas as áreas afins beneficiassem do avanço das áreas parceiras. Quem é que governa estas coisas? Já estou como o Manuel: "queixo-me a quem"?
Manuel, percebeu lindamente a minha forma de raciocionio. Tenho uma visão muito macro das coisas, sou péssima em pormenores e tenho péssima memória para detalhes. Mas já me vou aceitando como sou, pois que não podemos ser todos iguais ou não haveria "cromos" para a troca ;)
Agradeço a sua sugestão de leitura, vou certamente procurar.
Pink
Perceberam que o meu comentário anterior era para o F.Dias e o Manuel.
António
Percebo o que diz e obviamente tem tudo ainda um maior significado quando passamos pela experiência na própria pele. Como dizia o Alf outro dia, temos falta de amor e quando não há amor para dar, o melhor profissional deste mundo, em áreas de relacionamento com o público, dá apenas a sua "arte" e toda a "arte" sem amor é grosseira.
A abordagem sistémica de encarar a realidade (seja ela qual for) como um conjunto de elementos mais simples vem do princípio da divisão da matéria até à sua unidade mais reduzida: o átomo. Esta realidade diz-nos implicitamente que a divisão em várias partes simplifica a compreensão da realidade como um todo, pois temos a oportunidade de "contactar e conhecer" todos os seus elementos constituintes. Penso que concordará comigo que esta abordagem é verdadeira para tudo aquilo que é fisicamente mensurável, quantificável. Penso no entanto que cometemos um erro ao tentar estabelecer uma analogia entre um ente físico e um ente imaginário no que diz respeito à sua forma de compreensão. Quantas vezes damos por nós a tentar compreender um sentimento, uma dor, através da sua divisão em partes, quando na realidade, a compreensão do mesmo está ali mesmo à nossa frente, como um todo.
Palhinhas
Antes de mais bem vindo a este blog.
Vou dar uma resposta curta porque tenho de ir dormir.
A minha preocupação é só uma: o reducionismo, nomeadamente a "Navalha de Occam"
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