Começo este post por assumir que sou fumadora. Um vício que dispensaria de bom grado (e não me venham falar de força de vontade!...)
Mas este post não é sobre mim, é sobre o tabaco.
É uma droga, todos sabemos; cria elevada dependência física e psicológica, também sabemos; provoca todo o tipo de doenças e em muitos casos leva à morte, são dados adquiridos.
Então que raio de sociedade é a nossa que continua a vender livremente um produto para consumo humano, em cujos rótulos se lê : MATA!
O que é que o estado faz em relação ao tabaco?
1 - Arrecada 80% do seu valor através do imposto do tabaco!
2 - Proíbe a publicidade ao tabaco
3 - Investe em campanhas anti-tabagismo
4 - Insere nos maços de tabaco fases como: FUMAR MATA e outras igualmente assustadoras
5 - Proíbe a venda a menores de 16 anos
6 - Cria legislação no sentido de defender os não fumadores
Meus amigos, não estamos a falar da venda de um kit-suicido que só compra quem se quer mesmo suicidar e por isso lá está o aviso: MATA!, não, estamos a falar de um produto que causa dependência a partir do primeiro cigarro e que vai matando lentamente depois de o incauto já estar preso nas malhas da nicotina!
Vejam este artigo baseado numa notícia do "El País" onde se pode ler : "Os cigarros são uma obra de engenharia para aumentar a dependência".
Não basta ser prejudicial, não basta ser uma das principais causas de morte, não, ainda é preciso estratagemas para aumentar a dependência e escravizar o fumador! E ninguém se manifesta? Ninguém diz nada? Esta coisa dos brandos costumes começa a mexer-me com os nervos!...
Para quem não sabe, eis como actua a nicotina.
Mas dirão alguns: - Ok, é mau mas o estado lá vai arrecadando uns trocos à conta deste negócio!
Será que o estado de facto ganha alguma coisa? Então e o que o estado perde:
1 - A montante : nas campanhas de prevenção
2 - A jusante: em tratamentos hospitalares, medicamentos, subsídios de incapacidade para o trabalho, absentismo laboral...
Já alguém fez estas contas? Será que alguém as quer fazer?...
(e de acordo com este artigo parece que não sou a única a pensar assim...)
E dizem outros: - mas não se pode acabar com o tabaco assim de repente, são inúmeros postos de trabalho em causa!
E digo eu: - ai sim? só o facto de produzirem um produto que MATA deveria ser suficiente para começarem à procura de emprego noutro lado!
Mas então o que é que se produziria no lugar do tabaco? - Não faço a mínima ideia mas aceitam-se sugestões. Sejam criativos!
E para terminar, "la piece de resistance". Vejam este folheto extraído de um maço de Marlboro.
9 comentários:
Cara Pink:
Assumo que tudo aquilo que diz faz todo o sentido. Não tenha dúvidas de uma coisa: COMPENSA financeiramente para o estado continuar a autorizar esta droga. ISto é válido quer para Portugal, quer para todos os paises que o comercializam.
As campanhas publicitárias que tanto fala não são resultado de uma boa vontade de quem governa, mas sim imposições de uma união que integramos, a europeia (nesta sim, reside a maior hipocrisia de todas).
Ao contrário do que possa imaginar, a lei que vigora a partir do dia 1 de Janeiro tem como objectivo tentar poupar algum (substancial) dinheiro nos cuidados prestados com os fumadores passivos, vitimas de n doenças, entre as quais, o cancro do pulmão.
Não tenha dúvida que esta é mais uma medida economicista, à luz de tantas outras que, por exemplo, fazem crianças nascer a caminho das maternidades.
Poderá perguntar então porque razão o consumo de droga é proibido? Porque um toxicodependente traz não só graves problemas (leiam-se custos) financeiros mas também graves problemas sociais.
Algo que já não é financeiramente viável.
Infelizmente tem razão em tudo aquilo que diz. Quanto a alternativas, encontrem uma mulher maravilhosa como eu encontrei e vão ver que não precisam do tabaco para nada...:)
Claro que tem razão. A hipocrisia mata. Mas infelizmente não tenho soluções...
Pois eu, Minha Cara Pink, não sou fumador e discordo da sua linha de raciocinio !
Tenho para mim que estamos a assistir a um certo revivalismo de um certo conservadorismo fascizante que levou a América dos anos 30 à Lei Seca, coisa que parece que já ninguém sabe o que foi. Proiba o tabaco e ele vira produto de luxo e duplamente apetecível! E se quiser proibir ainda mais coisas que têm efeitos e impactos semelhantes ( sexo e SIDA )qualquer dia temos a ASAE a interromper o coito para verificar se o preservativo está bem colocado e corresponde às normas CEE...
Mas há aqui uma outra questão central que não refere e que é a seguinte: houvesse mais civismo e este tipo de questões nem se colocava, porque quem fuma teria a preocupação de não submeter quem não o faz!
Nestas coisas só precisamos de mais e melhor Estado numa coisa, que é na produção de cidadãos mais competentes. Mas é bom que a malta não esquece que o Estado somos nos otros, familia, colegas, amigos, vizinhos, e que é nestas interacções que se constroiem as cidadanias concretas.
Resumindo: fume e não seja demagógica !!!...:))
Manuel Rocha,
Tenha lá paciência mas não o posso acompamhar, principalmente na parte final do seu texto. Um médico sabendo o que sabe, tendo visto muito sofrimento por causa dos cigarros, não pode dizer “Amen”.
Mas note, a todos os “doentes” que me perguntavam se eu os proibia de fumar, sempre lhes disse “jamais”, que não proibia coisíssima nenhuma. Eles é que tinham de decidir. O que eles queriam era um “ditador expiatório”, mas nunca caí numa armadilha dessas. O ser humano tem que crescer em consciência, sem fantasmas.
O que aproveitava era para desfiar com teatralidade o rol de martírios por que “podiam” passar por causa do seu mau hábito de fumar. Isto de facto ocupava o maior tempo das consultas. E numa estimativa que fiz na altura, em cerca de 100 casos só cinco é que deixaram de fumar. Há 10 anos que lhes perdi o rasto. Não sei o que lhes aconteceu. É a vida…
F. Dias,
Eu que sou grande apreciador de uma salutra discordãncia estou aqui à rasquinha porque ... concordo com o meu comentário e com o seu ...:))
O que eu acho que a Pink pede ao Estado é que se assuma no papel de "ditador expiatório" que o F Dias recusou aos seus pacientes.
Ora isto leva a um problema de dificil solução na sociedade contemporânea e que é o seguinte: como individuos, queremos "sol na eira", e como cidadãos "água no nabal", que é como quem diz que pretendemos exercer sem barreiras o direito ás liberdades individuais dentro de um conjunto de regras que limitem as dos outros que não nos agradam...E não há nada pior para o exercicio da governança que este tipo de postura...
De resto, a meu ver, a hipocrisia de estado que a pink refere até nem é dos piores exemplos. É que se o meu dever solidário para com o SNS não se questiona, não vejo porque não devem os fumadores "reforçar" essa solidariedade dado o óbvio acréscimo de custos dos problemas de saúde de quem fuma...:))
Amiga Pink
é proibido proibir o que a cada um respeita. Hoje proibe-se o tabaco, amanhã o alcool, depois de amanhã o sexo oral... não estou a inventar nada, já aconteceu.
Depois, os maleficios do tabaco estão a ser grandemente exagerados. As estatísticas que relacionam o tabaco com o cancro são uma fraude, pelo menos as que conheço, e devem ser todas, a avaliar pelos resultados contrários - por exemplo, a não alteração da taxa de cancro do pulmão em cidades onde já é proibido fumar há 10 anos, ou o facto de as recentes estatisticas que visam mostar que o papiloma virus é responsável pelo cancro orofaríngeo terem inocentado o tabaco deste "crime"... contrariando as anteriores estatisticas que o "provavam"... mudam-se os interesses, mudam-se os resultados...
Já deixei de fumar há muitos anos e aconselho todos os fumadores que conheço a fazerem como eu - o tabaco é horrivel, cheira mal, causa enfisemas pulmonares, depressões, e outras coisas. Saúde não dá nem qualidade de vida.
Também não dá custos para o estado, contrariamente ao que se afirma - a nossa morte é uma coisa cara, seja qual for a causa, com tabaco ou sem tabaco morremos na mesma, não é? Mas o tabaco sempre vai encurtando a esperança de vida e isso significa que alivia os encargos da segurança social...
mas o principio fundamental que não pode ser violado é o respeito pelo nosso livro arbitrio em matérias que só vagamente podem afectar os outros.
Viciante por viciante, temos o jogo. Porque não proibir os casinos? Provavelmente serão muito mais destrutivos que o tabaco. Ahh, e conheço muitas pessoas que dizem que é uma pouca vergonha existirem discotecas, devia fechar tudo à noite - já viram quantos problemas se evitavam?
E, se continuarmos nessa linha, em breve chegaremos à questão: e para que servem tantos livros? Não está tudo na Bíblia?
(mais uma vez, não estou a inventar, só a recordar...)
é por isso que "é proibido proibir" é um princípio sagrado... para o defender até seria capaz de voltar a fumar!!!
Estavam acabrunhados, escondidos, perdidos na usa ignominia e depois saiu a lei e fez-se luz e o sol abriu-se de par em par e eles saíram para a rua, mostram-se em todas as portas. Nunca mais os dias de recolhimento de ostracismo envergonhado. Existe uma manifestação de orgulho fumador à porta das empresas, dos cafés, dos centros comerciais. Soltaram-se e ganharam a sua liberdade!
olá,
Eu nunca fumei.. pelo que certamente não sou o melhor dos testemunhos...
Não se trata de força de vontade pois as dependências não "tratam" assim e é óbvio que o estado lucra muitooo com o tabaco. Como com muitas outras coisas que promove e depois pune - Democracias orientadas.
A lamuria do fumador também é curiosa, afinal o dito mata, etc e tal, e então... é só uma questão de acelerar um pouco o processo! Não esquecer que há quem se vá matando conscientemente com outras coisas.
Não sou fumador.
Discordo quando é referido que estamos a assistir a «certo revivalismo de um certo conservadorismo fascizante». Na minha opinião a sociedade portuguesa nunca esteve "aberta" aos direitos cívicos: despenalização da IVG, Eutanásia, orientação sexual, etc.
O que a nova lei proíbe não é o acto de "Fumar"! O que faz é "alargar" o tipo de locais onde é proibido fumar! (por exemplo, já o era nos recintos desportivos fechados).
Concordo com o Manuel quando refere que «houvesse mais civismo e este tipo de questões nem se colocava, porque quem fuma teria a preocupação de não submeter quem não o faz!». Infelizmente "vivo" num país onde é necessário legislar para que os meus direitos (ar limpo) sejam salvaguardados!
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