Numa entrevista à revista Pais e Filhos em 2005, Rubem Alves, conceituado pedagogo brasileiro manifestava-se dizendo que "a escola destrói as crianças". Segundo diz, "a minha impressão é a seguinte: houve um momento em que se tentou padronizar a escola. A ideia da linha de montagem. Pegar nos alunos e fazer com que todos aprendessem as mesmas coisas, ao mesmo ritmo, com o mesmo objectivo. Então criaram-se aqueles programas abstractos, padronizados. Abastractos porquê? Porque não respondem aos desafios do momento. Nós aprendemos o desafio. Aprendemos aquilo que naquele momento nos é importante. E isso não acontece com os programas. Eles são organizações abstractas de conteúdos, que não estão relacionados com os desafios das crianças."
Para Rubem Alves "é preciso que os professores se sintam fascinados por aquilo que estão a fazer, que eles brinquem com as crianças (...) A função do professor não é ensinar o que ele sabe, é ensinar as crianças a procurar aquilo que elas não sabem (...) A grande coisa da educação é ensinar as crianças e os adolescentes a pensar. A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar."
Claro que Rubem Alves tem toda a razão e as suas palavras não carecem de nenhuma reflexão profunda para apurarmos a sua validade. Por isso, e como este blog se afirma como um blog optimista, lembrei-me de falar aqui de um dos sistemas de ensino mais humanizados e menos "linha de montagem" como chama Rubem Alves ao ensino público tradicional. Falo das escolas Waldorf.
As escolas Waldorf já existem um pouco por todo o mundo. Em Portugal apenas tenho conhecimento de uma no Algarve e de um Infantário em Alfragide.
São escolas privadas e um pouco dispendiosas mas o seu sistema de ensino é inovador. É um sistema criado originalmente pelo filósofo Rudolf Steiner em 1919. A aprendizagem é interdisciplinar, integrando elementos práticos, artísticos e conceptuais. A abordagem Waldorf privilegia o papel da imaginação e da criatividade na aprendizagem, tudo isto aliado ao pensamento analítico.
Pretende-se com esta abordagem, facultar às crianças e jovens uma base a partir da qual possam crescer e torna-se indivíduos livres, bem integrados e possuidores de uma moral forte.
A estrutura do modelo pedagógico resume-se mais ou menos assim:
- Infantário - a aprendizagem é essencialmente experiencial, imitativa e baseada nos sentidos, preferencialmente através de actividades práticas.
- Escola primária - aprendizagem focada na expressão artística e na imaginação desenvolvendo a vida emocional da criança através de um conjunto de artes visuais e de representação.
- Ensino Secundário - a aprendizagem é focada no desenvolvimento da compreensão intelectual e ideais éticos tais como a responsabilidade social.
Para já exemplos como este ou o da escola Montessori são de louvar e encorajar.
Por cá, graças ao meu amigo "Gnomo", tive também conhecimento da "Escola da Ponte" em Vila das Aves, perto de Famalicão. Vejam aqui o seu projecto educativo.
Afinal há por aí alguns oásis onde se vivem excepções a um sistema de ensino massificado e descaracterizado. Vale a pena espreitá-los e manter a esperança de que num futuro mais ou menos próximo estas excepções venham a ser a regra.
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