quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sobre o poder da escolha...


Tenho falado bastante, nos últimos tempos, a propósito do poder da escolha. E este post é especificamente sobre as nossas escolhas e como através delas moldamos as nossas vidas.

Percebo, em muitos com quem falo, uma necessidade de mudança. Mas ao mesmo tempo um conflito interno entre essa necessidade e o apelo (reforçado pelo status-quo) para permanecer na  "zona de conforto", no já conhecido, no de sempre.

Pergunto-me sobre o que nos leva a repetir escolhas e padrões de escolhas de modo automático ou inconsciente sem nos questionar-mos se essas mesmas escolhas nos fazem ou não sentido? Se nos trazem, de facto, os melhores benefícios? Se nos fazem crescer como indivíduos? Se são as mais adequadas a nós?

Concordam que somos todos diferentes, certo? Então porque tendemos a "copiar" as escolhas que vemos os outros fazer? Porque razão rejeitamos com grande facilidade o que é diferente?

A evolução faz-se de mudanças, de saltos, de reviravoltas. Como esperamos que a evolução aconteça se continuarmos a fazer tudo igual? Se não nos expusermos, intencionalmente, ao que é diferente? Se não forçarmos as fronteiras do nosso "quintal"?

Somos um animal de hábitos, eu sei. Mas a questão que coloco é: -  de quem são os meus hábitos?

O que é que eu aprendo, ganho, cresço a ver um jogo de futebol? O que é que eu aprendo, ganho, cresço a ver telenovelas? O que é que eu aprendo, ganho, cresço a ver o Big Brother? - Pouco ou nada? Então porque continuo a escolher isso e não outra coisa? Quem é que manda em mim e nas minhas escolhas? Quem é que me "obriga" a fazer coisas que não me trazem nenhuma mais-valia e podem mesmo ser grandes perdas de tempo?

Ler um livro de Tolstoi, Vitor Hugo ou Eça de Queiroz continua a ser recomendado, e não digo que não seja interessante. Aprendemos sobre o passado e quase sempre constatamos que pouca coisa mudou. Um dos comentários mais ouvidos em relação aos clássicos da literatura é de que "continuam muito actuais". Todos já sabemos isto mas continuamos a ler e reler e recomendar os clássicos que falam do passado reflectido no presente. Porque não escolhemos leituras que sejam úteis no presente e ajudem a construir o futuro?
- Sim, eu sei, são os clássicos. Mas agora que sou adulto alguém me "obriga"?
- Mas é "cultura geral". 
- Quem é que decide sobre a minha "cultura geral" e como a devo construir? A quem entrego eu o meu poder de escolha sobre o que é e não é importante para mim?
- Será um clássico da literatura mais importante que um livro que me ajude a compreender quem eu sou e a construir a minha visão do mundo? Alguns podem dizer que são coisas distintas. Certo, mas porque razão o primeiro é incentivado e o segundo não?

Apesar de em menor quantidade, ainda como alguma carne, mas penso em breve tornar-me vegetariana. Mas a maioria de nós come carne todos os dias. E se tivéssemos de matar com as nossas próprias mãos um animal, de cada vez que queremos comer? Será que o faríamos? - A maioria não. Então porque continuamos a comer carne?

O planeta é de todos, certo? Sabemos o quão importante é respeitar e cuidar do meio ambiente. Hoje já existem no mercado várias marcas de detergentes biológicos tão eficazes como os outros e até mais baratos. Então porque continuamos a comprar skip?

Porque razão somos incapazes de questionar os nossos hábitos? Porque não temos a coragem de, a cada escolha, nos perguntarmos se estamos, mesmo, de acordo com ela?


"Quando te vires do lado da maioria desconfia"

"You were born original, don't die a copy"


3 comentários:

alf disse...

continuas a pensar bem e a dar bons conselhos mas, lá está, tens de questionar um pouco mais as ideias "mainstream" ou que pretendem sê-lo rsrs

Por exemplo, achas que comer carne é mau; mas pensa: se todos fossemos vegetarianos, o que aconteceria às vacas? Extinguir-se-iam, não é verdade?

neste planeta só existe o que nos é útil; porque nós ocupamos todo o espaço.

Poupar papel é ecológico? Disparate!!! As pessoas plantas árvores porque elas servem para fazer papel. Dantes, havia muitíssimo menos floresta porque elas tinham menos interesse económico.

Reciclar papel é será anti-ecológico, porque introduz poluição no processamento do papel usado.

Agora, criar vacas para comer tem de ser feito com respeito pelo ser vivo. Essa é que é a questão. As vacas não podem ser criadas num pátio de cimento, como eu já vi cá, ou numa espécie de silo de automóveis, como fazem no Japão.

Da mesma maneira, as pessoas que acham que as touradas maltratam os touros estão a ser hipócritas ou estão mal-informadas. O touro é talvez o animal que tem a melhor vida de entre todos cuja existência os humanos permitem, criado em liberdade e alimentado a pasto. O que pensas que acontece aos bois que nascem nos países onde não há touradas? Nunca pensaste nisso? Pensavas que só nasciam vacas?

Estás a ver como precisamos sempre de questionar tudo o que é transmitido como "corrente de pensamento"?

Fátima Lopes disse...

Olá Alf,

Obrigada pelo comentário mas permita-me discordar.

Não me parece que as vacas na India estejam em extinção (até as podemos encontrar nas ruas de vilas e cidades mas isso é outra questão)

Neste momento o número de vacas é astrondoso porque são forçadas artificialmente à reprodução. Os recursos do planeta, como a água ou o solo arável, que se gastam no processo são muito mais preciosos para nós. As vacas diminuiriam para um número sustentável, só isso.


As ávores e florestas deveriam ser plantadas e mantidas, não para produzir papel mas para o equilíbrio do planeta. A maioria das plantações que se fazem para produzir papel são de monocultura, como é o caso do eucalipto. Isso é péssimo para os ecossistemas. Não traz beneficios antes pelo contrário.

A reciclagem, ainda que possa ser um pouco poluente é por enquanto a melhor solução. Num futuro em que se passe a produzir apenas o essencial, em que se abandone as politicas de "maximização dos lucros" deixa de ser necessário reciclar. Ou, sendo-o, poderemos trornar o processo menos poluente e mais eficaz. Temos é de acabar com o desperdicio e com a obsolescencia programada.

Do ponto de vista do planeta não existe "deitar lixo fora" porque não existe fora. O planeta é só um.

Lá porque um touro tem uma vida tranquila, não é razão para o torturarmos e divertirmo-nos com isso.

O que é que distingue um touro de um gato ou de um cão? Não são todos animais? Porque razão protejemos uns, comemos outros e torturamos outros?

Como é que se sai deste imbróglio? Com educação desde a mais tenra idade.

Neste momento os seres humanos são como crianças mal comportadas a brincar com fósforos e a pegar fogo à casa toda. E quando não estão a fazer isso estão a brincar aos adultos.

Está na altura de a humanidade entrar na idade adulta e tornar-se responsável. Por si, pelos outros, pelo palneta e pelos animais.

A nossa vida aqui só é possivel porque tudo o resto existe. O caminho não é "controlar a natureza" mas sim aprender com ela, respeitá-la e protegê-la.

A solução passa por assumir a possibilidade de que tudo o que nos ensinaram pode estar errado e começar a escolher, não de acordo com o que sempre foi feito mas de acordo com o que nos faz sentido ao nível da nossa alma. Usar mais o coração e a intuição e menos a razão.

Tudo tem de começar com a educação....

alf disse...

Olá Fátima

Estabeleceste uma boa argumentação mas não chega para resolver os problemas essenciais; pode ser que na Índia as vacas andem nas ruas das cidades, mas no resto do mundo isso é impensável, não é verdade? E na Índia isso será temporário. Se as vacas deixarem de ter utilidade económica, acontece-lhes o mesmo que a outras espécies que a não têm - desaparece, vivem alguns exemplares em santuários ou em zoológicos.

Quanto aos touros, eu limito-me a pôr-me na pele de um boi ao nascer e perguntar-me: que destino quero? o de touro ou o de boi num país sem touradas? E não tenho dúvida nenhuma na resposta.

A generalidade das pessoas que conheço que são anti-touradas são-no por egoísmo: a sorte do touro não lhes interessa, o espectáculo é que as incomoda, e então querem acabar com o espectáculo porque as incomoda, não por causa do touro.

Por outro lado, as vacas são muito melhores do que nós a transformarem plantas em alimentos que possamos usar; passarmos a ser vegetarianos não significa usar menos recursos, significa usar mais.

Agora, volto ao ponto crítico do meu pensamento: o modo como criamos animais e plantas é que é importante. Aí é que respeitamos a natureza e os seres vivos. A atitude que defendo é a luta por métodos ecológicos de produzir plantas e animais, em harmonia com os seus habitats.

A educação é importante se orientada para fazer as pessoas pensarem, mas é uma coisa nefasta se for "lavagem ao cérebro", se for uma "catequese". Lamentavelmente, pelo menos cá, educação é muito mais catequese do que outra coisa. Veja-se o chorrilho de asneiras que impingiram a toda uma geração a propósito do aquecimento global... uma verdadeira lavagem ao cérebro. Desta Educação tenho medo.

A Vida é uma coisa complexa, a nossa Inteligência é muito limitada e é por isso que eu desconfio muito dela - ou seja, não podemos limitar-nos à razão, ou ao coração ou à intuição; temos de usar tudo o que temos, as 3 coisas, com perseverança, para ver se conseguimos resolver os problemas que a Vida tem para nós.